Tratamento de Efluentes de Laticínios: O Queijo Era Ótimo, mas o Soro era um Problema
Tive um cliente adorável uma vez, o “Seu Mário”, dono de uma pequena queijaria artesanal na serra. O queijo dele era divino, famoso na região inteira. Mas ele me procurou com o coração na mão, com uma notificação do órgão ambiental. O problema? O soro do leite, o efluente principal dele. Começava ali minha jornada no tratamento de efluentes de laticínios.

O Aroma Azedo que Quebrava o Encanto
O erro do Seu Mário, um erro comum em pequenos negócios, era o foco total na qualidade do produto, com pouca atenção aos resíduos. O riacho que passava nos fundos da propriedade dele estava esbranquiçado e com um cheiro azedo, de leite estragado, que quebrava todo o encanto bucólico do lugar. O desafio era encontrar uma solução que não matasse o negócio dele, que era pequeno e familiar. O efluente de laticínio é traiçoeiro: tem uma carga orgânica (DBO) altíssima por causa da gordura e da lactose.
Uma Solução do Tamanho do Sonho do Cliente
A dica para pequenos produtores é: existem soluções compactas e eficientes. Não precisa ser um monstro industrial. Para o Seu Mário, a solução foi um sistema combinado. Primeiro, um flotador para remover a gordura (que, aliás, ele passou a vender para uma empresa de cosméticos!). Depois, um biodigestor anaeróbio, que consumia a matéria orgânica e ainda gerava um pouco de biogás, que ele usava para aquecer a água na própria queijaria. Vê-lo explicar o novo sistema para os filhos, com o mesmo orgulho com que explicava a receita do queijo da avó, foi a minha paga. O tratamento de efluentes de laticínios, no final, não foi um problema, foi uma nova linha de negócio e uma fonte de orgulho para a família.