Coagulação: O “Abraço Sujo” que Começa a Limpeza da Água
![]()
Minha visita à Estação de Tratamento de Água (ETA) começou de um jeito que desafiou minha lógica. Para limpar a água barrenta que chegava da represa, a primeira coisa que os técnicos faziam era… adicionar mais “coisas” nela. Foi meu primeiro encontro com a etapa da coagulação.
Adicionando “Sujeira” para Limpar a Sujeira?
Meu erro foi a cara de espanto que não consegui disfarçar. O engenheiro que nos guiava riu. “Parece estranho, né, doutora?”. Sim, parecia. Vi um líquido, o sulfato de alumínio, sendo injetado na água bruta, que era então agitada de forma violenta, num tanque que parecia um liquidificador gigante. O barulho era forte, a água se contorcia. O desafio era entender aquele caos controlado. Foi então que ele usou uma analogia perfeita: “A sujeira fininha na água é como gente tímida numa festa, cada um no seu canto. O coagulante é o ‘amigo festeiro’ que chega e força todo mundo a se abraçar”.
O Início da Aglomeração
A dica para entender a coagulação é pensar nela como uma reação magnética. As partículas de sujeira (argila, silte) têm uma carga elétrica que as faz se repelirem. O coagulante neutraliza essa carga e permite que elas comecem a se atrair. É um processo de segundos, intenso e fundamental. Ver aquele primeiro passo, a água barrenta sendo bombardeada por um produto químico para o seu próprio bem, foi fascinante. Era a prova de que, às vezes, para colocar ordem na casa, o primeiro passo é chacoalhar tudo com força.